domingo, 22 de dezembro de 2013

Relato da minha FIV - na íntegra

Relato de uma 1ª FIV de sucesso e muitas “aventuras” pós positivo!

Minha história começou em meados de 2013 quando recebi o diagnostico de obstrução das trompas, depois de realizar o temido (e horrível) exame de histerossalpinpografia. Fiquei extremamente desapontada, frustrada, mas não deixei o desanimo me pegar o logo comecei a minha pesquisa sobre o próximo passo: A FIV. Pesquisei muito e não encontrei indícios seguros de que uma desobstrução daria certo, pelo risco de gestação ectópica e tudo o mais. Entretanto os valores de uma FIV eram muito altos e eu não poderia paga. Foi então que descobri que poderia ser doadora de óvulos, conseguir a medicação pelo programa acesso que o valor do tratamento reduziria muito.

Comecei a pesquisar varias clinicas e médicos aqui no Rio de Janeiro, mas não senti confiança 100% em nenhum. A maioria não respondia aos meus e-mail’s ou condicionava a informação do valor da FIV a uma consulta que não sairia menos de R$ 400,00. Pagar para saber o preço? NUNCA! Ouvia muitos elogios, mas também algumas várias críticas sobre as clínicas e os laboratórios aqui do Rio e isso me deixou muito insegura. De toda forma entrei em contato com uma clínica e marquei uma entrevista para ver se eu poderia ser doadora. Em paralelo expandi minhas pesquisas para SP e encontrei muitas pessoas dizendo que lá tinha os melhores laboratórios, que as técnicas eram mais avançadas e tudo o mais. Enviei e-mail para algumas clínicas e como aconteceu aqui no Rio foram pouquíssimas as que me responderam.

E dentre essas a Mater Prime me respondeu prontamente e pediu para eu enviar meus dados que iriam verificar se havia receptora compatível. E para minha surpresa, NO DIA SEGUINTE, obtive a resposta de que havia uma receptora! Nossa, eu fiquei tão feliz! Como assim, tão rápido? Porém ao mesmo tempo fiquei muito insegura em sair do Rio e ir para SP fazer o tratamento. Mas peguei isso como um sinal e comecei a me planejar. Pesquisei também muito sobre a clínica – Mater Prime – e o médico – Dr. Rodrigo da Rosa Filho, e quanto mais relatos eu lia, mais confiante eu ficava.

Em 5 de setembro cheguei em SP e tive a bênção de conhecer a Liliane Magalhães, que estava gravida de 8 meses e que havia feito o tratamento também com Dr. Rodrigo. Isso me motivou ainda mais e me deixou mais segura. Além dela ter se tornado uma grande amiga, hoje uma irmã. Iniciei a medicação e para minha grande decepção, dias depois, Dr. Rodrigo me disse que eu não havia respondido como esperado – tive apenas 6 foliculos maduros – e que eu não poderia ser doadora. Meu mundo caiu! Como assim? Todos os exames estavam ok, tudo indicava que eu poderia ser doadora! Porque isso aconteceu?! Senti-me tão mal com aquilo. Não podia engravidar e também não poderia doar! Foi então que Dr. Rodrigo conversou comigo e disse que eu poderia tentar fazer o tratamento com os meus óvulos, sem doar e que pela minha idade as chances de darem certo eram altas. Fiquei tão insegura, com medo, mas resolvi confiar nele. E foi a melhor coisa que eu fiz.

Conversei com minha família e conseguimos o dinheiro para continuar com o tratamento. Alguns dias depois foi o dia da captação e estava bem nervosa! Havia 7 foliculos maduros, sendo que Dr. Rodrigo disse que 2 poderiam ser cistos... Que medo de não ter nada! De não dar certo... Mas assim que acordei da anestesia da captação ouvi a frase mais linda desse mundo: “captamos 5 óvulos”. Exatamente como ele havia previsto!!! Fiquei tão feliz.. As coisas começaram a caminhar e a chance de voltar grávida para o Rio era real.

E começou a tensão em saber se teríamos embriões, se seriam de qualidade, mas todo dia Dr. Rodrigo me informava como eles estavam. Ao terceiro dia tinha 3 embriões e por isso colocamos 2 embriões nesse estágio de desenvolvimento, para não correr o risco de perde-los colocando-os no 5 dia, em estágio de blastocisto, que seria o mais indicado. Apesar de ter muito medo de engravidar de gêmeos, colocamos 2 embriões, pois as chances de gêmeos eram muito baixas.

No dia da minha transferência não senti nada. Minha bexiga ficou cheia mas não senti dores nem nada. Foram colocados os dois pontinhos de luz dentro de mim. Combinamos de deixar o outro embrião se desenvolver até o 5º dia, e se ele virasse um blasto, congelaríamos. Estava certa de que iria perder esse embrião, mas para minha surpresa, segunda-feira, Dr. Rodrigo me liga e diz: “você tem um lindo blasto para congelar”. Que felicidade. Para quem achava que não teria nada, tinha 2 bebês no forninho e 1 que iria virar picolé! Felicidade total!
Voltei para o Rio de Janeiro com meus bebês na barriga e durante os 10 dias pós transferência tudo transcorreu super bem. Fiquei em repouso absoluto por 48h, mas nos outros dias levei vida normal, sem fazer esforços e abusar, é claro! Comecei a sentir cólicas e dores nas costas nos dias seguintes e no dia 8 eu tive uma cólica muito forte. Acho que foi o dia que eles definitivamente grudaram em mim.

E agora a parte mais difícil do meu relato, na qual reforço a importância de se procurar um profissional competente e qualificado para fazer o tratamento. No dia do beta, 2 de outubro, já havia um dia que estava sentindo muitas dores na parte do estomago e a barriga inchada. Achei que fosse gastrite nervosa. Naquele dia houve uma confusão aqui no Rio, o trânsito ficou um caos e meu resultado só saiu no dia 3 pela manhã: beta 163, positivo! Iupiii. Tão feliz! Dr Rodrigo me ligou e eu só conseguia chorar e agradecer por tudo que ele havia feito por mim. Só que ao final do dia a barriga estava mais inchada e sentia dores. Entrei em contato com Dr. Rodrigo o qual me orientou a procurar uma emergência e ver o que estava acontecendo. Fui em uma clinica perto de casa onde a médica simplesmente ouviu meu relato, passou buscopan na veia e mandou eu retornar para casa. Só que nessa noite mal consegui dormir de tanto que doia e no dia seguinte procurei outro local para fazer uma ultra.

No dia seguinte pela manhã, ao deitar na mesa de exame fiquei apavorada pois a médica falou para eu ir correndo para a maternidade mais próxima da minha casa que eu estava com hiperestimulo: meus ovários estavam cheios de folículos e eu tinha muita água no abdômen. Liguei chorando para Dr. Rodrigo, o qual me orientou que fosse a uma maternidade, começasse a ingerir muita proteína e liquido e assim que fosse atendida para avisar a ele que provavelmente me internariam. 

Fui na referência aqui do Rio de Janeiro, na Perinatal, onde as médicas que me atenderam pouco se importaram com o fato de eu estar com muito liquido na barriga, apenas disseram que meu beta era muito baixo, que eu deveria parar com a progesterona e ficar em casa atenta a qualquer dor forte no abdômen que poderia ser torção do ovário! Como assim? Saí de lá apavorada, com medo, confusa. Voltei a medica que fez a ultrassonografia a qual indicou-me uma ginecologista que poderia me atender naquele mesmo dia. Chegando na consulta a médica me passou antibiótico, anti-inflamatório e disse que naquele momento tínhamos que priorizar a minha saúde e não pensar na gestação! Como assim? Como aquilo estava acontecendo comigo? Liguei novamente chorando para o Dr. Rodrigo o qual falou para eu ir até São Paulo que lá ele iria me internar e acompanhar meu caso de perto e para eu não me preocupar que eu e meu bebe ficaríamos bem. Tudo que eu precisava ouvir naquele momento para me sentir segura.

Quando cheguei em SP, dois dias depois, havia refeito meu beta e estava em 342. Tudo transcorria bem, mas eu sentia tanta dor que não conseguia andar direito. Estava dormindo sentada! Dr. Rodrigo me explicou que aquela é uma condição difícil de acontecer, chamada hiperestimulo tardio, onde o corpo reage ao beta HCG – hormônio liberado pelo embrião – como se fosse estimulação dos ovários. Então, quanto mais o beta aumentava, mais o hiperestimulo se agravava! E eu tive que sair do Rio de Janeiro para ser tratada de uma condição que pode acontecer em uma FIV? Como assim? Se eu ficasse no Rio eu poderia ter complicações gravíssimas! O hiperestimulo é uma complicação grave que precisa de acompanhamento, pois pode ter muitas consequências, até mesmo fatais.

Quando cheguei no Santa Joana em SP, achei que ficaria internada apenas 4 dias... Mas fiquei 12! Nesse período fiz uma paracentese onde Dr. Rodrigo retirou 2,5 litros de agua do meu abdômen e perdi mais de 4 quilos só de liquido. Foi o momento mais assustador pelo qual já passei, mas tive ao meu lado Dr. Rodrigo o qual ia me visitar diariamente, tirava todas as minhas dúvidas e me deixava segura de que eu e meu bebe iriamos ficar bem. Além disso, a minha querida amiga Liliane Magalhães ia me visitar todo dia e me animar, para que aquele momento tão assutador passasse um pouquinho mais rápido.

Durante os 12 dias ainda tive muitas surpresas... Vimos o saquinho gestacional em um dia e alguns dias depois vimos dois saquinhos. Ou seja, dos dois embriões que eu coloquei os dois ficaram! Seria mãe de gêmeos bivitelinos. Seriam um casal? Nossa, fiquei muito feliz! Entretanto alguns dias depois comecei a sentir uma dorzinha na panturrilha direita. Ainda estava internada mas era a véspera da minha alta e comentei com Dr. Rodrigo, super despretensiosamente sobre essa dor.  Ele achou melhor fazermos um doppler por precaução pois poderia ser trombose, mas como eu não fiquei com a perna inchada e nem mesmo quente e vermelha – o que acontece em casos de trombose, estava super confiante de que não seria nada.

No dia do doppler, eis que para a minha surpresa o diagnostico veio: estava com trombose! Só que em uma veia super rara de acontecer, um coagulo super pequeno mas que não deixava de ser uma trombose venosa profunda. Dr. Rodrigo aumentou a dose de anticoagulante que eu já estava tomando como profilático, pelo fato de estar internada, mas que no meu caso não foi suficiente para evitar o coagulo. Meu mundo caiu! Porque estava acontecendo aquilo tudo? O que mais iria acontecer? Começei a ficar super preocupada, com medo, assustada mas por outro lado sabia que estava sob os cuidados do melhor profissional que já conheci.

Fiquei mais 5 dias por causa do coagulo e no dia da minha alta, outra grande surpresa: um dos embriões havia se dividido. Seria mãe de trigêmeos! Como assim? Meu Deus! O que eu faria agora? Fiquei tão assustada, confusa... Dr. Rodrigo foi super paciente ao me explicar que aquilo era raríssimo de ocorrer e que deveria haver alguma genética na família do meu marido, pois seriam gêmeos univitelinicos, o que não teve nada a ver com a fertilização – apenas os bivitelinos.

Depois disso finalmente estava de alta e havia decidido: faria meu pré-natal e parto com ele, Dr. Rodrigo, é claro! Como eu poderia confiar todas as minhas questões de saúde a outro profissional? Meu hiperestimulo, trombose, gestação trigemelar? Mesmo morando no Rio iria uma vez por mês as consultas e quando estivesse perto do parto ficaria por São Paulo aguardando o tão esperado momento.

Depois da minha alta na Maternidade Santa Joana, voltei para o Rio de janeiro. Mas estava muito fragilizada. Como cuidaria de três bebes? Seria uma gestação de alto risco e eu estava muito assustada. Fiquei por vários dias triste, confusa, mas feliz por ter tudo acabado bem, meus bebes estarem com batimentos cardíacos excelentes e se desenvolvendo. Entretanto, com 10 semanas de gestação fui fazer uma ultra de emergência, pois aqui no Rio não consigo marcar ultrassonografia e eis que recebo a seguinte notícia: o bebe que estava sozinho no saco gestacional havia parado há mais ou menos duas semanas. Os gêmeos estavam bem. Que susto! O que teria acontecido para ele parar? Como seria a absorção do mesmo? Dr. Rodrigo explicou que nesses casos o corpo absorve e que eu não deveria ter medo, pois estava tudo bem com os outros dois. E eu tive a certeza de que colocar dois embriões foi a escolha mais perfeita da minha vida, pois se assim não fosse, nesse momento, eu teria perdido o meu bebe.

E termino meu relato com outro profissional que foi super atencioso comigo, Dr. Enoch do centro de medicina fetal de SP. Ele fez o exame da translucência nucal, onde indentica-se os riscos de ter down, viu todos os órgãos dos meus pequenos e disse que está tudo bem. Ele foi super atencioso e cuidadoso comigo. Valeu muito a pena ir até SP fazer esse exame, visto que é um marco na gestação de qualquer mulher.

Termino meu relato dizendo que quem quiser acompanhar minha gestação pode me seguir aqui no blog e pesquisem MUITO ao iniciar um tratamento de tamanho porte. Pesquise com pessoas que fizeram com aquele profissional, escute opiniões, envie e leia e-mail e relatos. Não se iluda com a primeira oferta que lhe fizerem, pois além do valor financeiro e psicológico muitas coisas podem ocorrer e sua saúde estará totalmente nas mãos daquele que você entrega-la. Quem quiser falar diretamente comigo pode escrever: psicologa.rafaela@gmail.com